Contratos da Delta com governo somam mais de R$ 500 milhões
Investigações da Operação Monte Carlo mostraram relação estreita de empresas de bicheiro com a construtora Delta. Contratos da empreiteira estão sob investigação.
As investigações da Operação Monte Carlo mostraram a relação estreita das empresas do bicheiro Cachoeira com a construtora Delta. Os contratos da empreiteira com o governo federal que estão sob investigação somam mais de R$ 500 milhões.
As obras na Rodovia Fernão Dias, em São Paulo, BR-116, na Bahia e 316, no Pará, todas feitas pela Delta Construtora, estão entre os 60 contratos da empresa em que a Controladoria-Geral da União (CGU) achou irregularidades. São problemas como superfaturamento, pagamentos em duplicidade e obras mal executadas. Ao todo, os contratos sob investigação, de 2007 a 2010, somam mais de R$ 600 milhões.
“Claro que vamos aprofundar mais coisas”, disse o ministro da CGU, Jorge Hage.
A empresa Delta é suspeita de envolvimento com o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro. De acordo com a polícia, o grupo de Cachoeira tem mais de 130 empresas. Muitas com o objetivo de lavar dinheiro eram controladas por laranjas, pessoas usadas para esconder os verdadeiros donos.
Uma delas, de acordo com as investigações, é a Ideal Segurança Limitada, que fica em Goiânia e tem contratos com o governo federal de mais de R$ 450 mil desde 2010. De acordo com a polícia, Cachoeira acompanhava de perto os negócios da Ideal.
Uma reportagem do jornal O Globo desta terça-feira (17), mostra que outra empresa, a Alberto e Pantoja Construções, era abastecida principalmente com repasses feitos pela construtora Delta. De acordo com o jornal, parte desses recursos, R$ 2 milhões, foram usados para comprar a Fazenda Gama.
O terreno fica em uma localização privilegiada: perto do aeroporto de Brasília, mas está em uma área de proteção ambiental e, de acordo com o governo do Distrito Federal, se trata de terra pública. Segundo a polícia, o bicheiro queria construir no local uma pista de pouso e decolagens e pagou propina para tentar regularizar a fazenda.
Em uma conversa, gravada com a autorização da Justiça, Cachoeira fala com Gleyb Ferreira, um dos integrantes da quadrilha, sobre a documentação da fazenda.
CACHOEIRA- Tem que ser mais rápido, né? Não encontraram nada então?
GLEYB- Nada. Não tem essa terra, não ‘tá’ declarado nada nessa terra.
Por causa das investigações, como o Jornal Nacional mostrou no início do mês, o Incra afastou do cargo, Marco Aurélio Bezerra da Rocha, suspeito de ser o funcionário público que ajudaria Cachoeira a regularizar a Fazenda Gama.
A Delta declarou que o objetivo da empresa é sempre corrigir as irregularidades encontradas por órgãos de controle e que são precipitadas e parciais as conclusões do inquérito policial sobre o envolvimento com Cachoeira.
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