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Natal: o menino Jesus e as religiões

Para algumas entidades religiosas, como as de origem cristã, o Natal é o período mais importante do ano. A data comemorativa é marcada por reflexões sobre o nascimento de Jesus Cristo. Porém, para outras religiões, o dia é tido como outro qualquer do ano, sem se submeter a rituais característicos do período.

Os católicos, que representam grande parte da população brasileira, vivem um momento de preparação para comemorar o aniversário de Jesus, como a realização de missas e novenas. “O Natal começa na vigília, que é a celebração nas igrejas do nascimento de Jesus”, diz o padre José Maria Ribeiro, vigário da paróquia de Santa Rita.

De acordo com o padre, o Natal tem sentido de solidariedade para os católicos. “No Natal, celebramos e conquistamos a solidariedade de Jesus para conosco”, conta. Outro ritual da época é a ceia, que as famílias costumam realizar no dia de Natal. “A ceia é para lembrar o grande exemplo que mudou a história da humanidade, quando Jesus veio para acabar com a fome dos homens”.

Muitos dos símbolos presentes durante o período natalino também possuem significado para os católicos. Como exemplos estão as luzes coloridas, os enfeites e a tradicional troca de presentes. “As luzes representam Jesus como a luz do mundo. O enfeite, como a guirlanda, simboliza a coroa de espinhos que foi colocada em Cristo e os presentes representam o grande presente que recebemos, que é Jesus. Por isso, não podemos nos lembrar só do aspecto material do presente”.

Tradição dos presépios começou com S. Francisco

Um dos símbolos mais tradicionais do Natal é o presépio, que costuma ser bastante utilizado nas ornamentações das casas. Conta a história que o primeiro presépio do mundo teria sido montado por São Francisco de Assis – com peças em argila – no ano de 1223.

Neste ano, São Francisco optou em não festejar a noite de Natal na igreja e sim na floresta de Greccio (Itália). Ele mandou transportar uma manjedoura, um boi e um burro para poder explicar o Natal de forma mais clara às pessoas comuns, que não conseguiam entender a história do nascimento de Jesus.

A ideia de fazer um presépio espalhou-se entre catedrais, igrejas e mosteiros da Europa e depois também passou a ser montado em casas de reis e nobres. Por volta do século XVIII, a tradição de montar o presépio nas residências se espalhou pela Europa e pelo mundo.

O presépio tem referência cristã e remete ao nascimento de Jesus. A Bíblia conta que por conta do recenseamento que ocorria na Galileia, José e Maria viajaram para Belém de Judá. Lá, não encontraram estalagem e tiveram de pernoitar em uma gruta nas imediações da cidade. Foi lá que Jesus nasceu.

No presépio, estão representados o menino Jesus, Maria, José, a manjedoura onde Jesus nasceu; o burro e o boi, que representam a simplicidade do local onde Cristo nasceu; os anjos, a estrela que guiou os três reis magos ao local do nascimento e os próprios reis magos, que levaram presentes ao menino Deus.

Para o Espiritismo, data foi um divisor de águas

Para os evangélicos, a comemoração é parecida com a praticada pelos católicos. “Temos uma comemoração semelhante a do ponto de vista católico, com celebrar a lembrança do nascimento de Jesus”, conta o pastor Rui Raiol, da igreja Assembleia de Deus.

Entre as comemorações estão eventos realizados na semana que antecede o Natal e a ceia. “Fazemos peças teatrais que lembram a data e também temos a tradição da ceia. Em relação aos símbolos natalinos, há uma série de discussões quanto a origem de elementos como árvore de Natal e Papai Noel”.

Outra religião que não difere muito nas comemorações é o Espiritismo. “Acreditamos na vinda de Jesus e no seu nascimento, que foi um divisor de águas para nós. No dia do Natal, o mais importante é a reflexão de Cristo em nossas vidas”, afirma o espírita José Argentino Miglio, da União Espírita Paraense.

Os espíritas costumam fazer reuniões durante o período para fazer essas reflexões. “O Natal tem sentido de humanização, de refletir o que é o ser humano com a presença de Jesus na terra”, conta. Miglio também explica o significado de símbolos natalinos de acordo com sua religião. “Temos a estrela, que representa a presença de Cristo na terra e a manjedoura, que simboliza a simplicidade”.

Em outras crenças, o Natal não possui um significado importante como para algumas religiões. Os Hare Krishna, por exemplo, não comemoram a data. “Não faz parte do nosso calendário, seguimos outra linha, outros mestres, mas respeitamos Jesus Cristo, que veio ao mundo como filho de Deus com uma missão”, diz Luis Lopes, coordenador do Centro Hare Krishna de Belém.

O candomblé é outro exemplo de religião que não celebra o período natalino. “Não comemoramos o Natal porque não somos cristãos. Reverenciamos nossos deuses, mas em outras datas”, explica a afro-religiosa Mameto Nangetu. 

(Diário do Pará)

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